terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Hoje


O ritual do habitual acordar, saio de casa praticamente à mesma hora, o tempo suficiente para percorrer as calçadas que me permitam chegar a horas ao local de estágio. Enquanto caminho aprecio o tempo, reparo nos pequenos sinais da natureza e esta semana algo se tem passado de diferente, não há miúdos a correr e não há trânsito à porta da escola.Lembrei-me das férias claro. Invejo-os só um bocadinho, mas sei que agora a vida é outra.
Aqueles 10 minutos de manhã ainda servem para por algumas ideias em ordem, e organizar mentalmente tarefas para fazer.
As 10horas tive uma reunião com uma família carenciada, ofereci um cabaz de alimentos, vestuário para as crianças e alguns brinquedos, pelo menos sei que aquele natal poderá ser um bocadinho mais recheado. Ontem foi igual, fui às aldeias isoladas distribuir alimentos a idosos e a famílias numerosas sem rendimentos... enfim problemas, dificuldades e pobreza. Três palavras que têm sido incluídas no vocabulário diário. Tenho sido uma espécie de "pai natal", aqui não há mãos a medir, chego ao fim do dia cansada. Reparo que quem mais precisa é quem tem mais vergonha de pedir ajuda, mas também chegam cá pessoas que na humildade levam pontuação 0, até podem precisar de apoio, mas revelam-se arrogantes, felizmente não é a maioria.
A realidade que tenho possibilidade de contactar faz-me pensar que sou uma privilegiada, nesta altura não sou exigente, para mim apenas uma mesa, uma lareira e família fazem a festa, não gosto desta época, mas é bom sentir que contribuo um bocadinho para o natal mais feliz de alguém.
Ontem veio cá um menino pediu-me uma bola de futebol, eu dei-lhe e também lhe dava mais brinquedos, mas rapidamente me disse " só quero mesmo a bola, há muitos meninos e tem de dar para eles todos". O miúdo só levou mesmo a bola e dali sortiu um enorme sorriso.Foi todo contente para casa.
Já contribui para muitos sorrisos, já recebi a melhor prenda do mundo.

FELIZ NATAL

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