quinta-feira, 21 de outubro de 2010

sós


Andam por aí sozinhas, vagueando pelas ruas velhas da cidade, olhando o chão, focando o vazio, alheias aos ruídos e a quem passa… procurando alguma coisa que a concretizasse, por vezes um pão….esperam por alguém que lhes pergunte se precisam de alguma coisa e se está tudo bem… dias e dias… fazem os mesmos percursos, conhecem as calçadas são rostos sem sorrisos, almas penadas frias e vazias… esperam uma oportunidade, uma mudança. Mas a esperança parece andar longe, a sorte parece não existir, e as oportunidades acabam por nunca aparecer. Sem meios, sem destino, sem alguém… desfalecem a cada hora que passa, vivem num mundo há parte, já ninguém se preocupa com eles, e eles para nós parecem não existir.
Quantas vezes, me lembro destas pessoas e penso na sorte que eu tenho, na sorte que eu tenho de ter uma família que se preocupa comigo e me dá o maior conforto que pode, que luta comigo todos os dias para ser mais e mais feliz. E tantas vezes somos egoístas e esquecemos que ao nosso lado, passa alguém que precisa de um sorriso, precisa de um bom dia… são tantas vezes que fazemos de conta que não vemos que pensamos que não existe. Mas bem perto… passam nas mesmas ruas que nós. São os idosos, são os sem abrigos, são desempregados, hoje mais de nunca sinto necessidade de cumprimentar os idosos que passam por mim diariamente, normalmente sozinhos, a rotina faz-me perceber que à mesma hora no local do costume está alguém que me diz «bom dia menina», mesmo com pressa retribuo o sorriso, um gesto ou uma palavra. Mesmo que seja pouco, penso que já faz a diferença.
Aquele “Bom dia menina” para mim é motivo de passar naquela rua aquela hora. Para mim já vale a pena começar assim o dia.

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