sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Gordura é Formosura?

O facto de estarmos habituados a ouvir falar sobre a obesidade, ou o ser gordo tem tudo a ver com conceitos e valores culturais de cada sociedade. Estes conceitos vão-se transformando á medida que as sociedades evoluem. Nos nossos antepassados “ser gordo” era um privilégio, se assim o podemos chamar, era termo distintivo pois aqueles que tinham trabalho duro, alimentação pobre e sem luxo era conferida a silhueta esquelética. Assim o ser “gordinho” eram aqueles que não precisavam de trabalhar e que estavam bem na vida.
No entanto entre esta classe era distinguido os gordinhos dos grandes obesos, a estes últimos eram denominados como gulosos, o escândalo e o desconforto. 
“A gordura, mais ou menos discreta ou evidente, atributo de poderio e riqueza, acabaria por inspirar artistas a ser apreciada como bela” (Peres, 2000, p.13). Assim surgiu a antiga lengalenga,”gordura é formosura”, e esta frase perdurou em alguns séculos onde se pode ver em algumas obras renascentistas. 
Numa fase em que os países começam a desenvolver-se, tal como Portugal a partir do momento em que o poder compra aumenta, a primeira coisa que fizeram foi comer e beber sem controlo, inicialmente batata, arroz, pão, cerveja carne e doçaria, actualmente á uma alteração marcada com o aparecimento de “comidas alternativas” aquilo que designa-se por fast food, refrigerantes, batatas frita, entre outros. Deixou-se de preservar os horários das refeições, os transportes públicos substituem a bicicleta e o andar a pé, aparecimento da televisão que substitui as brincadeiras de rua nas crianças. Estes factores apenas alguns que poderão representar o aumento do número de pessoas obesas ou com excesso de peso.
As exigências sociais, culturais e até mesmo da medicina introduziram um novo conceito de beleza, o de ser magro. Não podemos ver esta questão apenas por modas mas também, temos de ter em conta a saúde, e pelo visto está mais que provado que ser magro (não excessivamente) aumenta a esperança média de vida. 
Por vezes somos tão influenciados pela moda e pela comunicação social, que na adolescência, refiro-me particularmente às miúdas, se entra nas conhecidas dietas loucas, como se perder peso fosse uma profissão ou fizesse parte da ordem do dia e começamos a falar de um problema, o da anorexia. 
Não me querendo alargar muito, queria apenas referir que não há um peso ideal, á uma média que consoante a nossa estatura (larga ou estreita), com a sexualidade (homem ou mulher), com a idade e com a constituição muscular, vai variar de pessoa para pessoa. Isto é existem o MCA (peso ÷ altura) mas não pode ser levado á risca, porque cada caso é um caso. Dentro dos padrões que são determinados normais não é por exceder um ou dois quilos que é considerado obeso. O importante, é conseguirmos manter o mesmo peso, porque as variações de peso não são saudáveis, para além da pele ficar flácida e com estrias (se for caso de emagrecer de forma abrupta) e ou então rasgar e formar estrias vermelhas (engordar de uma forma abrupta).
  Por vezes emagrecer de uma forma abrupta significa uma falsa magreza, porque deixar de comer porque estou gordo ou porque tenho de perder x quilos nesta semana ou mês, pode significar carências nutricionais que o organismo precisa. Queda de cabelo, unhas fracas, ossos fracos, falta de concentração são alguns dos sinais deste querer perder peso sem consciência. Emagrecer deve ser um processo lento, não é cortar nas refeições mas sim variar, e substituir os alimentos menos bons por outros, e tentar fazer várias refeições ao longo dia e não esquecer o exercício físico. É um processo difícil, mas se não for feito desta forma, acabamos por fragilizar o nosso organismo.
 As modas somos nós que as fazemos, devemos sim sentirmo-nos bem com aquilo que vemos, o que eu acho importante ter em conta a saúde, porque ter quilinhos a mais não significa necessariamente que somos gordos ou obesos.
Em suma…
“Emagrecer nem é enfraquecer nem sofrer privações debilitantes e destruidoras. Não é só perder peso. É harmonizar a constituição corporal e ganhar saúde.” (Peres, 2000, p. 21).

Cláudia Martins

Referência bibliográfica:
Peres, Emílio (2000). Emagrecer. Porque se engorda e como se emagrece. 4ª edição, Caminho.


Nenhum comentário:

Postar um comentário